9 de dez. de 2010

Antônio Ávila: uma vida dedicada à informação

Esse amigo irmão abaixo me deu a primeira oportunidade de narrar uma partida de futebol.
O jogo era pelo campeonato amador de Corumbá/MS, na liga do Centro Esportivo do Bairro Dom Bosco, Antônio Ávila era o chefe da equipe Fiel de Esportes da Rádio Clube.Quando me escalou para a transmissão disse essa frase:

"vai lá garotinho, você leva jeito".

Que Deus continue te abençoando "maninho".

Por: Lívia Gaertner em 06 de Dezembro de 2010
Fonte: www.diarionline.com.br

Foto:Anderson Gallo


Antônio Ávila começou carreira em 1960 com 16 anos

O destino deu uma forçinha para que ele começasse aquela que se tornaria uma das mais bem consolidadas e longas carreiras no rádio brasileira. No mês de setembro, o radialista Antônio Sebastião Ávila, 66 anos, completou 50 anos de profissão desde o dia quando em 1960 teve que substituir, de forma inesperada, um narrador esportivo que no meio da partida teve um problema na voz.

“Eu comecei no dia 17 de setembro de 1960, um domingo, naquele dia jogou Marítimos e Atlético em Cuiabá, no estádio Eurico Gaspar Dutra. Eu fui pra conhecer, fui convidado por um grande amigo meu para aprender, um dos grandes narradores esportivos de Mato Grosso, na época, Pedro Silva. Aos 20 minutos de jogo, no primeiro tempo, ele teve um problema sério na garganta e passou o microfone para eu narrar e eu fiz o trabalho”, contou Ávila em entrevista ao Diário.

O desempenho do então jovem de 16 anos foi tão bom que de convidado para aprender um ofício, ele passou a ser um funcionário da empresa de comunicação Rádio Voz do Oeste. “Naquele dia, quando chegamos do estádio na rádio, lá estava o diretor da emissora e ele perguntou: ‘Quem é o Ávila?’. Ele mandou que eu entrasse, me levou para o estúdio e me mostrou o que era a pasta comercial da manhã, da tarde, da noite, e os textos avulsos e eu já estava empregado. Naquela época, o salário era 33 cruzeiros e eu entrei ganhando 66, comecei bem”, relembrou o radialista. Na Voz do Oeste, ele permaneceu até 1964 quando começou uma verdadeira aventura pelo Brasil afora, chegando a trabalhar em 53 emissoras do país. Por todas as regiões, Antônio Ávila passou e deixou seu exemplo de profissional.



“Fui pra rádio Bom Jesus, de Cuiabá. De lá fui pra Rádio Branique, de Rondonópolis, daí fui para Clube de Goiânia, de onde fui para Belém do Pará. Trabalhei um ano e três meses em Belém, e depois segui para Rádio Jornal, de Itabuna, na Bahia, saí de lá e fui trabalhar na Rádio Guarani, em Belo Horizonte. Estive na Guaíba, de Porto Alegre, fiquei 11 meses, depois fui pra São Joaquim, em Santa Catarina e assim fui fazendo a minha trajetória”, descreveu. Corumbaense, nascido na região do Morro do Cachorro, na parte baixa da cidade, Ávila deixou Corumbá com apenas 4 anos de idade e, entre suas andanças pelo país, planejava um dia retornar a sua terra natal.



“Eu rodei e queria voltar, conhecer minha cidade, eu nasci aqui e saí daqui em 1948 e cheguei aqui no dia 19 de novembro de 1969. Trabalhei na rádio Clube e na Difusora. Ainda assim, deixei Corumbá pra dar mais uma esticadinha. Estive na Globo do Rio de Janeiro, fiz o estágio de 90 dias, tive o convite para ficar na época e não perdi nada porque estou muito bem em Corumbá”, afirma. Mas a carreira de Ávila não se resume somente à rádio, ele recorda suas passagens por emissoras de TV da época. “Eu trabalhei na TV Cidade Branca, hoje TV Morena, trabalhei com Uriel (Raghiant) e Caibar (Pereira), muitos anos na televisão aqui; trabalhei no canal 4 em Cuiabá, no Centro América, trabalhei no canal 9, do saudoso Fauze Anache”.

O esporte

Vascaíno de coração, Ávila começou a carreira como narrador esportivo e, dentre os trabalhos mais significativos, se destacam grandes coberturas do esporte que é paixão nacional. Com uma memória de dar inveja a muitos, ele se recorda dos fatos com datas completas e citou aquela que considerou um dos momentos mais importantes de sua trajetória profissional. “Foi uma grande decisão do Campeonato Carioca (Vasco e Flamengo), eu e Jonas de Lima, no dia 02 de novembro de 1982. Nós fizemos a cobertura e o Flamengo ganhou com gol de Rondinelli de escanteio cobrado pelo Zico. O goleiro do Vasco era Leão, hoje, um grande técnico”, relembrou e aproveita para falar da evolução do rádio. “Eu acho que evoluiu muito. Eu, por exemplo, fiz Campeonato Brasileiro, fiz muito Vasco e Flamengo, Internacional e Corinthians, decisão do Campeonato Brasileiro. Corumbaense participou em 1985 do Campeonato Brasileiro, eu e o Jonas fizemos esse trabalho e evoluiu muito. Por exemplo, o rádio em Corumbá nos anos 60, era muito difícil. Hoje, mudou tudo”, analisou. Ele teve o prazer de narrar uma partida da Seleção Brasileira quando tinha em sua escalação o rei Pelé. “Em 72, eu trabalhava na rádio Caçula, em Três Lagoas, e fiz Brasil e Portugal na decisão da Mini-Copa. Brasil foi tricampeão do mundo em 1970 e em 72 houve a mini-copa no Brasil que decidiu com Portugal a final, foi 1 a 0, gol do Pelé com cruzamento de Jairzinho.”

Policial

Apesar de ter começado e se destacado no meio esportivo, Antônio Ávila nunca deixou de cultivar as características de um repórter do cotidiano. E muitas de suas coberturas envolveram casos policiais. Uma das mais marcantes, para ele, foi a solução de um crime de latrocínio cuja vítima era um amigo de profissão. “A cobertura da morte de um jornalista aqui em Corumbá, Darci Silva, em 1986. Ele foi assassinado no dia 31 de dezembro e o corpo encontrado no dia 03 de janeiro. Essa cobertura eu fiz, fui no local, pra ser mais sincero, nós (eu e o Jonas de Lima) descobrimos onde estava o corpo. Foi um trabalho investigativo. Quando a Polícia soube, foi através de nós, de nossa equipe, eu fui buscar o delegado, levei o Corpo de Bombeiros no local e lá estava o corpo de Darci Silva. Ele foi assassinado por funcionárias dele mesmo para roubar joias, mas a Polícia conseguiu de volta as joias, a arma do crime”, contou.

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